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quinta-feira, 30 de julho de 2020

EVANGELHO FALA AOS JOVENS - JOVEM, VOCÊ É A QUARTA REVELAÇÃO

EU NÃO VIM DESTRUIR A LEI - CAPÍTULO I





EVANGELHO FALA AOS JOVENS

A PRIMEIRA REVELAÇÃO
Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los: – porquanto, em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto.

Imagine a alegria dos jovens judeus quando Moisés surgiu como o líder há tanto tempo aguardado para libertar o povo hebreu da escravidão?
A juventude que tem uma força imensa e é alimentada de profundo ideal "revolucionário" experimentou profunda alegria e certamente, se fosse possível, pintaria o rosto e iria bater na porta do faraó para fazer a coisa acontecer mais rápido ainda.
Garotos e garotas hebreus se agitavam com a chegada do ex tutelado do faraó, que agora se revelava um judeu a serviço da libertação do "povo de Deus" Deus.


Era a primeira revelação que soprava como brisa renovadora nos corações juvenis daquela época.
O Deus único era apresentado ao mundo e a partir dali o faraó e seu povo, segundo os textos bíblicos, passariam pelas pragas do Egito até que o faraó ao perder seu primogênito aceitasse alforriar a galera hebreia.
Um frisson tomou conta da juventude e todos marchariam felizes em busca da Terra Prometida.
Nesse processo, Moisés, como um dos médiuns mais conhecidos da humanidade traria da dimensão espiritual a tábua dos dez mandamentos, revelação divina para orientar o homem.
Moisés precisou elaborar também algumas leis civis para educar aquele povo que passou muitos anos como escravo.

A SEGUNDA REVELAÇÃO
E séculos se passaram até que Jesus de Nazaré chegasse ao mundo para cumprir a lei e dar melhor entendimento e aprofundamento na sua compreensão.
Os jovens contemporâneos de Jesus agora se entusiasmavam com um novo líder que vinha combater as manifestações exteriores e pedia aos jovens a fundação do reino de Deus dentro dos corações juvenis.
Como um jovem "revolucionário", Jesus apontava um novo caminho e colocava na mesa seu arsenal de armas para mudar o mundo: perdão, amor, compaixão, caridade e humildade.
Ele abalou as estruturas de governo daquele tempo pedindo justiça e igualdade e que todos deveriam ser tratados como irmãos.
Como amoroso divergente, Ele caminhava pelas ruas acompanhado de prostitutas, moradores de rua e gente de "má vida", segundo os fariseus.
A juventude se agitava com aquela liderança que se aproximava dos anseios juvenis que desejava um mundo novo.
Garotos e garotas se aproximavam com seus pais para ouvirem o Mestre de Nazaré pregar o Evangelho.



A TERCERIA REVELAÇÃO

Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra. (ESE - Capítulo I Item 7)

O Espiritismo chega no tempo certo e abre o portal entre as duas dimensões pela mediunidade.
As vozes dos "mortos" são ouvidas por toda parte.
O Espírito Verdade canta as mesmas canções de esperança ensinadas por Jesus com a Boa Nova, consolando com a realidade da reencarnação, esclarecendo sobre a lei de causa e efeito.
Agora os jovens são informados que são responsáveis pela própria vida de acordo com sias escolhas e que um corpo adolescente pode guardar um espírito milenar.
Que dentro da família o garoto e a garota podem se deparar com desafetos do passado que se unem na parentela consanguínea para o aprendizado comum.
A revolução está acontecendo em todo planeta e o suicídio é porta falsa e ilusória. 
Jesus volta para convocar garotos e garotas para deflagrar o processo revolucionário dentro do coração.
Ele não quer jovens santificados, mas deseja uma galera consciente e humanizada.
De punhos erguidos ao céu o Jovem Messias percorre os guetos de dor e miséria andando ao lado dos oprimidos e chagados pelo preconceito e discriminados desse mundo, para os alistar em seu grupo de amor.
Jovem, o Mestre está no mundo, mas deseja estar no seu coração, porque é aí que a revolução irá acontecer.
Você é a quarta revelação, o Cristo revelado em ti.

Adeilson Salles




quarta-feira, 29 de julho de 2020

O EVANGELHO FALA AOS JOVENS - PREFÁCIO DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

O CORAÇÃO É A MOCHILA DO JOVEM IMORTAL
(PREFÁCIO DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO)



"Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se movimenta, ao receber a ordem de comando, espalham-se sobre toda a face da Terra. Semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos."

Garoto e garota imagine o céu iluminado por estrelas cadentes que descem do espaço para acolher a sua dor e te inspirar na continuação das suas lutas?
Essa "invasão" não cessa, pois são centenas de milhares de espíritos do Senhor que buscam os corações de boa vontade para amparar e fortalecer nas suas lutas do mundo.
O Senhor conhece as tuas angústias e manda seus mensageiros para ouvir o teu coração.

"Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos."

Toda essa transformação que se opera no planeta inteiro é um convite de Deus, para que o teu jovem coração seja agente dessas mudanças.
Embora a luta entre as forças do império materialista e as legiões do bem ocorra sem tréguas, o campo de batalha é a vastidão dos corações humanos.
As forças do amor irão dissipar as trevas da ignorância, pois os tempos são chegados e os jovens contagiados pelas luzes que descem do espaço tornar-se-ão focos de luz a transitar e iluminar o mundo juvenil.
Abrigarão no peito o Jovem Messias que por eles falará do amor de Deus.

"As grandes vozes do céu ressoam como o toque da trombeta, e os coros dos anjos se reúnem. Homens, nós vos convidamos ao divino concerto: que vossas mãos tomem a lira, que vossas vozes se unam, e, num hino sagrado, se estendam e vibrem, de um extremo do Universo ao outro."

As vozes dos espíritos entoam a canção da imortalidade e o Espiritismo convoca os corações juvenis para a grande revolução. Jovens, Jesus vos convida para a grande festa da música do evangelho: peguem seus sentimentos e afinem seus corações, e, embalados por uma mesma melodia de espiritualidade levem suas notas de amor para todos os recantos do Universo. Cada coração é um instrumento por onde Deus irá tocar suas canções de redenção.

"Homens, irmãos amados, estamos juntos de vós. Amai-vos também uns aos outros, e dizei, do fundo de vosso coração, fazendo a vontade do Pai que está no Céu: “Senhor! Senhor!” e podereis entrar no Reino dos Céus."
O ESPÍRITO VERDADE

Jovens, nenhum garoto e garota se encontra apartado do amor de Deus. Amem-se uns aos outros. Jesus conta com cada coração juvenil para semear o amor e sua mensagem de amor. Não é preciso deixar de lado a beleza da juventude para seguir o Jovem Messias.
Vossos corações são as mochilas do viajante imortal que trazem as bagagens de aprendizado de suas vidas passadas. Na atual encarnação estais passando pela Terra incumbido de ser parceiro de Jesus na revolução planetária que ora acontece.

Adeilson Salles






domingo, 26 de julho de 2020

AS CRIANÇAS E JOVENS QUE EDUCAM OS PAIS

EDUCADORES SENSÍVEIS





A experiência tem revelado que o acesso ao coração das crianças e jovens é sempre mais difícil, quando os pais e educadores não conseguem abandonar o próprio mundo para ir ao mundo dos educandos.
O educador de verdade tem o tamanho do educando.
Me refiro a capacidade de ter a estatura psicológica do interlocutor para poder compreender o que se passa na mente e no coração das crianças e jovens.
Sem que eu tenha percepção do que o outro sente e da maneira como ele vê a situação problema é impossível se acessar o universo alheio.
Jesus como grande educador tinha essa prática pedagógica ao nos ensinar o evangelho, pois era sabedor da nossa condição de analfabetos das verdades espirituais.
O Mestre não nos arrebatou para mundos superiores para nos explicar como chegar a eles, pelo contrário, Ele se utilizou de uma linguagem adequada ao nosso entendimento e veio a nossa escola planetária, a Terra.
Quando confundimos educação com opressão e nos utilizamos de práticas autoritárias não nos colocamos como interlocutores com acesso ao coração das nossas crianças e jovens, pelo contrário, nos distanciamos cada vez mais do circulo de adultos confiáveis.
Quem se utiliza da gritaria como método educativo impede que o outro se sinta confortável para se mostrar como é.
Muitos adolescentes tendem a se isolar porque identificam nos pais uma censura prévia sobre todo e qualquer assunto que eles tentem abordar.
Dessa forma, um abismo vai se criando e dificultando o estabelecimento de relações saudáveis.
Educadores sensíveis se colocam no mundo do educando.
A questão é de autoridade educativa, e toda autoridade não pode prescindir do respeito.
A diferença dos que transitam no mundo infanto-juvenil e são aceitos por esse público reside justamente na maneira como nos dirigimos a eles.
Educadores sensíveis respeitam o educando, e isso não significa aceitar posturas inadequadas e que precisam ser corrigidas.
Adultos exigem limites em suas relações, o educador sensível sabe que as crianças e jovens em formação não são como massa de modelar e também precisam ser respeitadas em seus limites.
Cresce o número de pais que colocam a mão na cabeça sem saber como administrar a educação dos seus filhos.
Muitos indagam: Onde foi que eu errei?
Nenhuma relação está condenada porque vive um momento difícil, mas é preciso fazer um esforço e abandonar certos conceitos de os pais estão sempre certos e os filhos errados.
Educar é também um processo de autoeducação e de aprendizado.
Educadores sensíveis sabem que os educandos são professores também na dinâmica da vida.
Educadores sensíveis estão sempre construindo pontes de entendimento porque em suas relações agem com empatia sempre se colocando na posição do educando.
Professores passam, pais ausentes que estejam dentro de casa, mas fora da vida dos seus filhos também passam, mas os educadores sensíveis permanecem sempre no coração dos que foram tocados por eles.

Adeilson Salles

 





quinta-feira, 23 de julho de 2020

A SOLIDÃO DE JESUS E A NOSSA SOLIDÃO

A SOLIDÃO COM DEUS




A nossa solidão em meio as provas do mundo deve ser valorizada para buscarmos um encontro com Deus.
Diante das muitas lutas que nos visitam em alguns momentos nos sentimos absolutamente sozinhos.
Dentro da compreensão das relações humanas podemos nos sentir a sós e "abandonados", todavia o quadro presente se reveste de profundo significado e um claro convite para nos entrevistarmos com Deus.
Antes de iniciar o seu ministério Jesus procurou a solidão do deserto, onde foi tentado pelo diabo.
E foram muitas as ocasiões que Ele buscava estar sozinho entre os homens para uma comunhão com Deus.
O que parecia solidão era um sublime momento de encontro com o Pai.
Assim somos nós em nosso aprendizado com o mundo nas lutas que nos visitam.
Por uma percepção equivocada da vida, e pela limitação de uma fé vacilante não nos damos conta de que a solidão no mundo é instante bendito de íntima comunhão com o Pai.
Na solidão com os homens nos tornamos mais receptivos a um dialogo com Deus, e se fizermos silêncio em nós a voz do Senhor da vida ecoara em nosso coração.
É preciso ir ao deserto em nossa alma para silenciar nossos pedidos e clamores infantis.
Algumas provas não dependem da nossa ação direta, portanto, precisamos ter força e coragem para aceitar as lutas e a indiferença alheia para conosco.
Na noite inesquecível no jardim da Oliveiras Jesus se recolheu para orar em solidão, e pediu que seus apóstolos se recolhessem em oração, mas, mais uma vez Ele experimentou a solidão, pois eles dormiram.
Nas horas mais amargas precisamos compreender que a solidão que nos visita é o momento justo do reencontro com as nossas aspirações espirituais.
Evitemos valorizar a incompreensão dos que transitam conosco em família e no círculo de amigos se acreditando em solidão, Deus está conosco, precisamos no entanto, estar com Ele.
Jesus experimentou inúmeras vezes a solidão dos homens, no momento que a malta escolheu Barrabás, na agonia final da cruz quando tantos beneficiados por Ele se ocultavam naquela hora extrema.
Não obstante essa realidade, a fala derradeira pronunciada por seus lábios era em favor dos que não sabiam o que estavam fazendo.
A solidão dos homens é sempre um instante de encontro com Deus, para aquele que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Adeilson Salles





 

terça-feira, 21 de julho de 2020

VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?

O DESEMBARGADOR E O COVID



Você sabe com quem está falando?
O que tem por baixo dessa pele e osso?
O que existe além dessas vísceras e coração?
O que tem nessa cabeça além do intelecto?
O teu caráter termina no final do intestino, no reto?
O que tem no teu estomago afinal?
Digestão e desrespeito a um trabalhador municipal?
A tua aorta é mais importante que a de outro cidadão?
Quem está por baixo dessa epiderme?
Desembargadores também estão condenados, aos vermes.
Educação e respeito é coisa de gente.
Para além dos metros de tripas,
Por onde transita a excreção 
Que sentimento carregas no coração?
Tens algo de efetivamente teu?
Todo dono do mundo, 
Terminou no cemitério, morreu!
A triunfante volta ao pó é o nosso destino
Excretados da vida pela morte, intestino
Você sabe com quem está falando?
Se não sabe, agora vou dizer,
Sou um cidadão, que sua toga deveria proteger
Mas, seu orgulho afetou sua inteligência
Agora vais usar a máscara da vergonha, sem clemência
Me apresento sem problemas, sou seu semelhante
Você sabe com quem está falando?
Sou Benedita, sou Cícero, sou Roberto e Leonor
Ser humano e cidadão, muito prazer, doutor
O Brasil tem cidadão de bem, não duvide!
Também tem vírus da presunção
Gente que se acha superior ao Covid...
Doutor, o senhor tem o caráter infectado,
Um vírus repugnante, mal educado!

Adeilson Salles




sábado, 18 de julho de 2020

MEUS ERROS, MEUS MESTRES

AGRADEÇO MEUS ERROS




Se alguém me perguntasse qual foi o maior orientador que encontrei na minha vida eu diria sem vacilar: meus erros.
Sempre tive coragem de mudar e mesmo quando fiz as escolhas mais erradas a vida me trouxe novas possibilidades de aprender.
Reconheço que é preciso ter coragem para sair do conforto material e de relações frias e sem futuro.
Não se trata de viver aventuras, mas de ser fiel a si mesmo quando não conseguimos mais nos manter dentro de um comportamento que os outros esperam e cobram de nós.
Sempre acreditei que a vida nos pede coerência, e quando a boca fala o que o coração não sente mais é uma baita violência que cometemos contra nossa integridade emocional.
Toda escolha tem um preço e venho pagando as promissórias que a minha consciência me cobra.
Venho dizendo a mim mesmo: não espere perder as coisas que você verdadeiramente ama em seu coração para seguir revelando amor pelas coisas e pessoas que a sociedade te cobra fidelidade.
E a grande questão na vida de qualquer pessoa é se somos fiéis a nós mesmos, ou se atendemos a demanda das expectativas alheias sobre a nossa vida.
Observo que a maioria das criaturas vivem conflitadas e engasgadas com os nós emocionais que carregam dentro de si.
Não se trata de ser leviano como os conservadores costumam julgar, mas de se estar disposto a pagar o preço por suas escolhas.
Temos o direito inalienável de errar e aprender e até isso os julgadores da vida alheia desejam nos tirar.
Já me chamaram de egoísta, e quem não é?
É provável que a diferença entre nós dois esteja na minha ousadia em fazer, enquanto você só pensa e faz mentalmente.
Penso que devemos respeitar as pessoas e o respeito passa por sermos honestos com elas e ter coragem para falar do que sentimos ou deixamos de sentir.
Agradeço imensamente ser como sou as lágrimas que já derramei, as dores que senti e a angústia que quase me asfixiou.
Se escrevo tirando a roupa da minha alma é porque a vida me fez assim.
Não tenho medo de ser gente e de mim transbordam defeitos e virtudes humanas.
Não me sinto envergonhado por não ter sido o melhor marido ou melhor pai, porque chorei e aprendi.
Só eu sei os caminhos que percorri e os tombos que levei.
Aceitei viver muitas dores durante muito tempo para atender os outros.
Deus quer isso de mim? Não acredito!
Ele não quer um filho desonesto.
Sou mutante, e sou feliz por ser assim.
E foram essas mutações que me trouxeram aos sessenta anos.
Espero não morrer de Covid 19, - tenho tentado me proteger - mas sei que um dia a morte vai me pegar na curva, que ela me pegue assim, desse mesmo jeito que estou agora, me esforçando para ser honesto comigo e não com o mundo.
Não terei um final: e foram felizes para sempre!
Meu final vai ser: e foi caindo e levantando que ele partiu.
Estou reescrevendo muita coisa em minha alma e estou longe do capítulo final.
O enredo segue o mesmo: preciso ser honesto com o que sinto.

Adeilson Salles

quarta-feira, 15 de julho de 2020

TENHO INVEJA DO MAR...


INVEJA


Tenho inveja do mar

Ele não desiste nunca

Vivi num ir e vir a beijar

Um amor de águas profundas

 

Tenho inveja da Lua

Quando fica minguante

Quando cheia fica nua

Na busca de um amante

 

Tenho inveja do deserto

Da solidão de areias quentes

Das dunas de rumo incerto

Dos delírios de sóis ardentes

 

Tenho inveja do vento

Que corre o mundo inteiro

As vezes ri, e outras lamento

Percorre a vida como carteiro

 

Tenho inveja do espelho

Que reflete a verdade

Do tempo que fiquei alheio

Do que não vivi com maturidade

 

Adeilson Salles


domingo, 12 de julho de 2020

AS GAIOLAS E OS ABISMOS DENTRO DA GENTE

ABISMOS NA ALMA




Meu coração anda apressado...
Mas eu ando cansado de procurar respostas, de me sentir aflito por não encontrar algo que me acomode interiormente.
Acho que a vida é essa pergunta sem resposta.
Então me deparo com tantas pessoas que tem respostas e certezas onde moram, as vejo como prisioneiras, ou eu que vivo delirando
A gente vai vivendo dentro de um padrão em que fica esperando que as pessoas atendam as expectativas das nossas gaiolinhas.
Essa é a grande realidade, vivemos em gaiolas, podemos nos mudar das velhas para as novas gaiolas, mas a verdade é que tememos o voo.
Daí essa limitação absurda de ter que ter um terreno pronto para pisar, porque o desconhecido é abismo.
E onde se encontra esse abismo?
É dentro da gente que os abismos existem, a falta de respostas prontas.
O que somos está dentro do abismo, vivendo na escuridão do eu desconhecido.
Viver é descobrir através das próprias experiências, mas nós buscamos as "verdades" dos outros para nos sentir amados, aceitos, acolhidos.
Não importa se lá no fundo da alma esteja tudo desmoronado, e se o abismo olha no fundo dos nossos olhos.
Somos produtos humanos que precisam de rótulos para viver, somos assim.
Quer dizer, aceitamos ser assim desde que nascemos e vamos sendo condicionados.
De quando em vez vamos a beira do abismo que tem um olhar penetrante que nos engole, e nos convida a mergulhar, mas temos medo, precisamos ser o que todo mundo é, aceitar o que todo mundo aceita.
Então de vez em quando vemos surgirem a nossa frente pessoas que ousaram mergulhar dentro de si mesmas, e quando voltam, retornam transformadas.
A transformação delas nos incomoda, nos faz pensar, e nosso desejo é de que elas fiquem perdidas nos seus abismos e não venham nos incomodar, nos afrontar.
Porque quem pensa diferente, quem ressurge das profundezas da própria descoberta nos assombra e nos causa medo.
Preferimos as gaiolas, e mesmo que as portas estejam abertas não queremos voar, porque o céu nos atemoriza.
Ficamos dando pulinhos medíocres, conformados e confinados nos padrões "normais".
Não importa quanto infeliz eu esteja, prefiro tomar diazepam do que alçar o voo pelo céu cinzento que fica em minha alma, e que deixei que criassem em mim.
Coração apressado se cansa, e o meu está cansado, inconformado com o mundo a minha volta, o abismo me olha de maneira irresistível e atraente.
Esses abismos emocionais são como os buracos negros que existem no espaço, eles são capazes de sugar para dentro de si toda energia a sua volta.
Chega um tempo na vida em que somos convidados a nos manter em prisão perpétua na gaiola das certezas, ou mergulhamos no eu profundo.
A chave da gaiola está em nossas mãos...

Adeilson Salles 
 


sábado, 11 de julho de 2020

VOCÊ CONHECE SEU FILHO?

NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM ESCUTA


O homem ainda acredita que tudo que é imposto é mais facilmente aprendido.
Existe uma educação sensível que educa, e uma suposta educação que violenta a alma e os seus sentidos.
Não há como educar se o educador não usa a escuta para ouvir o que nasce da alma da criança ou do adolescente.
Uma educação que deseje ascendência precisa estabelecer um vinculo de confiança entre os corações, daí não existir a possibilidade de se criar essa conexão sem a audição.
Crianças são como pássaros e só podemos observar a beleza que sua alma canta se nos detivermos na escuta.
Quando participamos de um concerto de música necessitamos afinar os ouvidos e a mente, fazendo silêncio em nós, para captar a aparente dicotomia de sons produzidas pelos instrumentos musicais, que em seu conjunto produzirão a boniteza das notas que nos arrebata de emoção.
Quando a criança fala, ou o adolescente verbaliza qualquer assunto o educador precisa ouvir com os ouvidos e com a mente.
Os ouvidos que não estejam em consonância com a mente que de fato preste atenção não conseguirão captar o que o afinadíssimo coração da criança deseja lhe falar.
A criança percebe o mundo pela escuta, pelos sons e imagens a sua volta, daí a necessidade do educador ter a percepção e sensibilidade de valorizar o contato por meio da atenção sincera que parte do educando.
Muitos traumas emocionais se desenvolvem na infância e eclodem na adolescência pela ausência da escuta, e pela presença de uma fala impositiva e agressiva.
Cada grito que o educador manifesta revelando seu desequilíbrio é uma agressão desferida contra a criança que irá repercutir no desenvolvimento da sua subjetividade.
O mais importante em uma prática educativa é a realidade palpável de se poder conhecer o interlocutor, abandonada pela maioria dos pais.
As crianças são a expressão da honestidade e manifestam o que verdadeiramente sentem.
Muitos adultos inseguros e ansiosos foram crianças desprezadas e não ouvidas em seus sentimentos e manifestações.
A audição seletiva, aquela que se detém apenas nos interesses próprios é surda para a beleza da vida.
Não ouvimos os pássaros, não ouvimos as crianças, não ouvimos os idosos, não ouvimos a poesia escrita por Deus em cada amanhecer, por isso adoecemos.
É na escuta que a educação mútua se dá tornando a vida mais consentida.

Adeilson Salles
 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

PAIS SURDOS, FILHOS MUDOS E OS INFLUENCERS DE COISA NENHUMA

PAIS SURDOS, FILHOS MUDOS



A pandemia levou boa parte das pessoas para dentro de seus lares, com isso, muitos pais precisaram conviver mais de perto com seus filhos.
E foi nessa convivência que os genitores descobriram que o problema não era a escola, mas os filhos que foram mal educados por eles.
Antes da pandemia vivíamos no automatismo dos compromissos, atendendo a demanda do mundo exterior e não tendo tempo para atender as urgências de casa.
Todos os membros do grupo familiar saíam para cumprir seus compromissos, e quando se reuniam em casa não se buscavam para ouvir as demandas emocionais uns dos outros.
E quando as conversas eram ensaiadas, a falta de paciência e interesse permeava esse universo tão importante para a estruturação psicológica do ser humano.
Principalmente as crianças e jovens que necessitam dos pais como suas grandes referências e arrimos emocionais.
O ambiente familiar hoje é permeado por uma espécie de surdez onde só ouvimos dos nossos filhos aquilo que nos interessa.
Educamos como se tivéssemos a receita da felicidade para aplicar aos filhos.
Muitos pais acreditam que os filhos são como massa de modelar, nos quais eles aplicarão a fórmula exata para o comportamento que lhes atenda o modelo de cidadão correto, e que encontrará a felicidade.
Normalmente os pais procuram aplicar nos filhos os métodos educativos que deram certo com eles.
Evidentemente que essa realidade está muito longe de apresentar resultados matemáticos na construção de seres humanos felizes.
Grande parte das crianças e jovens desses dias, são aqueles órfãos emocionais que tem os pais dentro de casa, mas não os têm dentro da vida.
Quando uma criança, que não pode ser criança durante o dia porque estava ocupada na escola e com tantas outras atividades, procura os pais para brincar e os mesmos abdicam da experiência de adentrar o mundo dos interesses dela, e buscam entretê-las com celulares, tablets e coisas assim uma frustração visita o coração dos nossos filhos.
A interação emocional é fundamental para o desenvolvimento saudável dos pequenos.
Imagine você que é adulto o quanto é importante falar dos seus projetos para as pessoas mais relevantes do seu mundo, mas quando você as procura elas não lhe dão atenção.
É frustrante viver essa surdez seletiva, e é isso que fazemos com crianças e adolescentes, quando não ouvimos as coisas que se passam na cabeça e no coração deles.
E é dessa distância emocional que a orfandade dentro de casa acontece, e é desse vazio que os pais deixam na vida dos filhos que outros interesses vão ocupando espaço.
Os "influenciadores digitais de coisa nenhuma" ganham cada vez mais valor num espaço que deveria ser ocupado pela família.
É preciso que os pais parem de falar com seus filhos e passem a conversar para descobrir e saber quem são eles.
Muitas crianças e adolescentes são estrangeiros dentro de casa, porque os pais não ouvem o que eles dizem pelos lábios e pelo silêncio dos sentimentos adoecidos que causam mutismo.
A pandemia é um castigo, para quem deseja seguir vivendo alheio ao complexo universo das relações no lar atendendo apenas ao mundo dos interesses próprios fora de casa.
O ego dos pais promove uma surdez seletiva com frases, como essas:
"Cala a boca que você não sabe de nada! Aqui eu mando e você obedece!..."
Temos a geração dos pais surdos e os filhos mudos, porque com o tempo eles vão se afastando, até que uma dor como o suicídio toque como sino dentro da consciência para despertar os adormecidos pela indiferença.

Adeilson Salles 

PSICANALISTA EM FORMAÇÃO








terça-feira, 7 de julho de 2020

A FERTILIDADE DO DESERTO

DESERTOS EMOCIONAIS - DESERTOS ESPIRITUAIS


A vida humana é uma grande travessia, e não raras vezes enfrentamos os desertos que estão localizados em nossa alma.
Por mais que nos comportemos infantilmente tentando responsabilizar os outros pelas nossas dificuldades, a responsabilidade final sempre será nossa.
Os desertos são campo para as grandes decisões e tentações.
Os desertos emocionais são aqueles estados áridos nos quais nos entrincheiramos exigindo da vida o atendimento dos nossos caprichos.
Nos portamos como crianças a exigir de tudo e de todos o atendimento das nossas demandas, nem sempre felizes.
Criamos expectativas, nos comprazemos nas suposições de uma mente fértil e enfermiça empreendendo julgamento sobre as pessoas.
O deserto emocional é aquele em que o nosso ego assume o comando de tudo, e nos portamos como uma ilha que deve ser cercada por todos os lados de situações que nos favoreçam integralmente.
Esses desertos costumam nos levar a períodos de muita fragilidade psicológica que desaguam em processos depressivos e outras enfermidades emocionais.
Os desertos espirituais são mais escaldantes ainda, mais hostis, porque a alma privada de fé e espiritualidade não tem arrimo onde posso se sustentar quando as tempestades do viver nos levam a perder a direção durante a travessia.
A questão não é ter uma religião como fórmula para evitar o sofrimento, na verdade o sofrimento faz parte da vida, mas se tivermos religiosidade em nosso viver estaremos mais fortalecidos para a grande travessia.
O fato relevante é que as nossas decisões são de nossa responsabilidade, sempre.
Todas as vezes que Jesus se encontrava na eminencia de enfrentar uma grande prova ele ia para o deserto buscar a solidão para o encontro com Deus.
A aparente reclusão no deserto era na verdade o encontro com a fertilidade de Deus.
Moisés, o grande condutor do povo hebreu quando precisava buscar inspiração e orientação espiritual também se recolhia na solidão dos montes.
Os desertos são férteis, se prestarmos atenção nas mensagens que eles inspiram a nossa essência espiritual.
Seja qual for a solidão que estejas experimentando não esqueça que existem oásis no deserto.
O deserto emocional pode ser abandonado se aceitarmos as pessoas como elas são, o fim do deserto espiritual está a distância de uma prece.
Respire fundo, medite, ore e não se detenha nas miragens ilusórias do deserto.
Todos os desertos são férteis se assumirmos nossa vida.

Adeilson Salles



segunda-feira, 6 de julho de 2020

LUTO

MORREU DE ILUSÃO



De repente me dei conta de que estava morrendo.
Percebi que estava deixando de ser humano para me tornar um protótipo de "santo" falsificado.
Fui sendo amordaçado e asfixiado lentamente sem me dar conta de que contribuía para isso.
Comecei me incomodando por não participar de congressos, eu achava que era preciso falar para grandes públicos, quanta ilusão!
Não me dava conta que era meu ego que exigia vitrine e palco.
Comecei a prestar atenção no que os outros faziam e falavam para fazer igual, queria um lugar ao sol, ou um lugar no palco da minha vaidade.
Tentei imitar alguns, mas sou péssimo imitador.
As falas distantes do coração e da vida prática me incomodavam, embora muitos companheiros realizem inestimável trabalho nesses eventos, mas a coisa era comigo.
Me encontrava na UTI da ilusão, pois acreditava que o trabalho com os jovens e crianças devia ser a prioridade para a mudança do mundo. 
Estava me matando pouco a pouco.
E mesmo quando realizava uma grande participação nos eventos logo era posto de lado, porque eu não dizia o que as pessoas queriam ouvir, o mesmo do mesmo.
E mantive a minha consciência em estado de coma por muito tempo, deixando que o ego assumisse o controle, e eu me sentisse ofendido.
Percebia que nos grandes eventos de jovens no meio espírita eu era preterido, embora ouvisse muitas vezes: Ninguém fala melhor do que ele para os jovens...
Havia uma velada discriminação, me disseram que alguns "dirigentes" afirmavam que eu era perigoso para os jovens, pois os incitava a ser jovens.
Vai que em algum evento desses oficiais eu abrisse a boca, para dizer que os pais devem amar seus filhos como eles são e deixar de lado a ideia de tratá-los como massinha de modelar? Que devemos ir ao mundo dos jovens e não querer impor o nosso mundo a eles, ou de repente dizer: os homoafetivos vivem uma experiencia evolutiva e devem ser amados e respeitados.
Um dia me aconselharam a não tocar em assuntos sobre homoafetividade numa palestra, porque os dirigentes eram conservadores.
Tive compaixão de quem me deu esse conselho, porque dirigentes espíritas que não aceitam ouvir abordagens sobre a vida verdadeira não tem condições de atender a alma humana.
Algumas vezes o meu ego me pediu para desistir, para aceitar o convite do mundo laico e escrever para outro público.
E o estado de coma egoico prosseguiu por muito tempo, e confesso que só agora estou saindo da internação psíquica que me impus, da quase morte.
A cura veio, e foram as crianças e jovens que me tiraram desse estado patológico e mental adoecido em que me encontrava.
Foram os jovens que me resgataram, pelo respeito que eles têm pelo meu trabalho.
São os pais que me procuram e me pedem para não desistir.
Eu já estava agonizando e quase jogando a toalha, mas os jovens colocaram um respirador na minha alma e consegui sobreviver.
Decidi então enterrar as ideias que tinha sobre movimento espírita e congressos.
Nunca vou falar como os outros, porque não penso como os outros.
Não existe encontro mais importante do que aquele que se dá de alma para alma.
Estou em recuperação e praticamente curado.
Hoje sepulto meu ego, e escrevo em seu epitáfio:
"Morreu de ilusão, acreditando que existem homens que podem falar por Deus"

Adeilson Salles





domingo, 5 de julho de 2020

ALLAN KARDEC NEGRO - ABOLICIONISTA DA RAZÃO

RACISMO E ESPIRITISMO


Se Allan Kardec fosse negro o Espiritismo seria menos conhecido?
Se a origem dele fosse africana ele teria o mesmo respeito e credibilidade?
Essa introdução nos convida a pensar mais sobre cada um de nós, e do preconceito arraigado em nossas almas e que muitas vezes tentamos disfarçar.
Não se trata de criar polêmica, mas de refletir verdadeiramente sobre o que se passa em nosso coração e os valores que norteiam nossa fé e concepção de vida.
Sabemos que o respeitado professor Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lyon, na França em 3 de outubro de 1804.
Todo professor de certa forma é um abolicionista, ele liberta seus alunos da escravidão da ignorância.
Seu instrumento libertador é a educação.
Mas, a missão do professor Rivail era muito maior do que se podia supor, pois sua condição de abolicionista iria se revelar de maneira mais patente, a partir do inicio da sua tarefa na codificação do Espiritismo.
Agora a missão libertadora iria afetar a humanidade, porque se tratava de alforriar as consciências humanas há muitos séculos aprisionadas na senzala da culpa.
Como cristianismo redivivo o Espiritismo iria relembrar todos os ensinamentos de Jesus e ensinar muito mais, era o Consolador que chegava a Terra.
O professor Rivail assumindo seu pseudônimo, Allan Kardec, se torna o abolicionista da razão trazendo ao mundo a fé raciocinada.
As teologias escravocratas que sempre se utilizaram da culpa e do temor a Deus, tentaram combater o pensamento novo, mas não conseguiram silenciar os mortos, que conduzidos pela batuta do professor saíram dos túmulos falando da imortalidade do espírito, e do tempo novo que chegou.
Jesus é o abolicionista do amor, Allan kardec o da razão, Mahatma Ghandi o abolicionista da paz, Chico Xavier traz a alforria da imortalidade pela mediunidade.
Podemos afirmar que a senzala hoje é o coração do homem, que ainda age como racista silencioso tendo na indiferença a sua faceta mais cruel.
O tronco onde a alma humana sofre os açoites da dor nesses dias é o orgulho no qual voluntariamente estamos escravizados.
É histórico o contexto de embranquecimento de Jesus para se acomodar a Europa branca dentro da igreja da época, se a imagem dele fosse negra não seria aceita pela sociedade.
O enforcamento do negro americano George Floyd e o assassinato de jovens negros no Brasil me fez pensar: E se Kardec fosse negro?
O Espiritismo nos ensina que ninguém é, na verdade nós estamos: pretos, brancos, índios (os que sobreviverem), gays, héteros e etc...
Cada um de nós dentro da experiência evolutiva que nos cabe, portanto, é hipocrisia julgar o semelhante.
Pedi para um amigo, o ilustrador Rui Joazeiro, desenhar esse Allan Kardec negro, e a imagem ficou linda.
Mas, qual é a imagem que prevalece dentro do nosso coração?
Como pai de mulher trans, e acostumado a lidar com o preconceito aprendi que a cor da pele não importa, muito menos a condição sexual das pessoas.
O espírito não é o corpo, ele passa pela encarnação e usa a roupa física da qual se desvencilha após a morte.
Quando desenvolvermos o senso de humanidade e compreensão de que somos todos iguais essas questões terão ficado para trás.
Enquanto isso, vale a pena perguntar: E se Allan Kardec fosse negro?


Adeilson Salles

Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.

Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade.

(Luiz Gama)











sábado, 4 de julho de 2020

ESTÚPIDA, INÚTIL, MEU AMOR, SUA BURRA - RELAÇÕES ABUSIVAS

PARCEIROS CRUÉIS E ABUSADORES


As palavras que antes revelavam estima, respeito e carinho começam a ser substituídas por adjetivos pejorativos.
Sutilmente os adjetivos pejorativos vão ocupando mais espaço na relação do que as falas afetuosas.
Depois de um tempo não são mais palavras irônicas e hostis, mas frases inteiras que vão submetendo o outro a uma relação abusiva e desrespeitosa.
Se do outro lado da relação existir alguém que já tenha em si limitações emocionais o estrago estará feito.
Não há quem resista a bombardeios cruéis diariamente que não acabe tomando a agressão mentirosa e desrespeitosa do agressor como verdade.
Isso é mais comum do que se possa imaginar, pessoas que para existirem na relação precisam diminuir o par.
São pessoas inseguras, improdutivas e que carregam em si uma inveja velada pela capacidade e desempenho alheio.
Elas agem da seguinte maneira, que pode ser inconsciente, mas tem sua dose de crueldade: se não consigo fazer o que o outro faz eu exerço o domínio emocional apontando os erros dele (a).
Dessa forma, observamos o imenso número de homens e mulheres subjugados nas relações amorosas que perambulam sem autoestima, vivendo uma vida infeliz sem identificar de onde nasce o mal.
Os abusadores emocionais são hábeis, eles dão uma cota de carinho com uma mão e com a outra atiram pedras.
Já os abusados, entendem como normal as diferenças entre o casal, mas o mal não é diferença porque revela um lado doentio de quem revela no abuso emocional seus desajustes íntimos.
Relacionamentos devem ter limites, caso contrário, não são relações saudáveis, mas pessoas que se suportam onde uma das partes sofre abusos emocionais diários por parte dos frustrados e preguiçosos.
É um atavismo em nosso comportamento social em realçar os defeitos do outro, para ilusoriamente se dar algum valor.
Onde não existe respeito pelo outro, não existe amor e isso é claro.
Infelizmente os grandes abusadores andam por aí cantando aos quatro ventos "os defeitos" do outro, quando revelam na verdade sua indigência ética moral.
Adjetivos, gritos e falta de respeito não devem ser encaradas como conduta natural, mas uma enfermidade revelada por pessoas mal educadas e que não fazem o minimo esforço para se tornarem civilizadas e respeitosas.
Se o outro dentro da relação cumpre seu papel se esforçando por manter o bem comum, cabe a outra parte começar a prestar atenção e valorizar as virtudes, que podem tornar a relação mais saudável.
Mais vale a solidão, do que uma relação onde se carrega nas costas uma pessoa mal educada e cruel.
Nenhuma relação pode ser maior do que sua integridade física e emocional.
Se identificar a relação abusiva, peça ajuda.
Pense nisso!
Adeilson Salles
  



sexta-feira, 3 de julho de 2020

AQUELE BEIJO QUE ME DESTE

AQUELE BEIJO


Sabe aquele beijo que me deste?

Foi como o sol a iluminar meu coração

Ainda hoje a minha alma aquece

Foi amanhecer na minha escuridão

 

Mas como reter a luz?

Ela me emprenhou e partiu

Ficou apenas o brilho que seduz

Um amor que a saudade pariu

 

Do parto ficou a espera

Inverno que se fez primavera

Espero ainda outro beijo a recordar

 

Vem iluminar um novo dia

Me fecundar outra vez de alegria

Boca no cio querendo te beijar

 

Adeilson Salles


quinta-feira, 2 de julho de 2020

UM OLHAR ALÉM DO CORPO

VOCÊ CONHECE SEUS PAIS?


Normalmente em família todos desempenham aquele papel instituído socialmente.
Os pais cumprem sua parte nas orientações e provimento do que é necessário.
E todos vão respondendo pela parte que lhes cabe dentro desse contexto.
Mas, será que a vida familiar se resume a isso?
O que pode existir além dos personagens familiares?
Aquelas rugas no rosto dos nossos pais podem significar dores escondidas que estão por detrás do envelhecimento que os anos trazem.
A dificuldade que muitos pais revelam em manifestar afeto pode esconder a falta de afeto que eles não tiveram em suas infâncias.
Vivemos um tempo de tantas dores e personagens fictícios, que tentando atender as exigências sociais daquele que é o provedor e não erra muitos pais escondem o próprio sofrimento para se manter forte ao lado dos filhos.
Mas onde está escrito que os pais não podem chorar?
Por que, em suas dores e fraquezas, os pais não se humanizam e buscam o colo dos filhos para superar as próprias dificuldades?
Precisamos humanizar nossas relações, não é necessário se esconder atrás de um suposto personagem infalível para ser respeitado.
Normalmente nossos pais carregam dentro de si uma criança interior ferida, que foi machucada por um processo educativo opressor.
Muitos ainda acreditam que o berro é um grande instrumento pedagógico.
Não existem pais perfeitos, mas podem existir pais mais humanos que desçam do pedestal estabelecido pela sociedade de que os pais não podem se mostrar frágeis em qualquer situação.
É preciso olhar para os pais de maneira mais humanizada para compreender as dores e sofrimentos que eles trazem escondidos dentro de si.
Nossos pais também são espíritos e tem dificuldades em aprender.
Pela lente da reencarnação é possível ressignificar nosso jeito de olhar para eles e compreender suas limitações.
Pais e filhos têm a oportunidade de aprender uns com os outros, se tiverem a coragem de lançar um olhar para além das posições que ocupam dentro da família, e para além do corpo físico.
O que se esconde no coração dos seus pais?
Você já parou para pensar?
Adeilson Salles

 

quarta-feira, 1 de julho de 2020

OS MISERÁVEIS SOMOS NÓS

NÓS, OS MISERÁVEIS


Dorme. Viveu na terra em luta contra a sorte
Mal seu anjo voou, pediu refúgio à morte
O caso aconteceu por essa lei sombria
Que faz que a noite chegue, apenas foge o dia!

As palavras acima, segundo o romance, Os miseráveis, de Victor Hugo estão escritas na lápide do protagonista da grande obra literária.
Trata-se de Jean Valjean, uma saga que retrata a ebulição política e social vivida na França do século XIX, bem como os conflitos da criatura humana.
Jean Valjean é preso após roubar um pão, e a justiça o condena a cinco anos de prisão.

Durante esse período no carcere ele tenta fugir diversas vezes e manifesta comportamentos inadequados, o que lhe garante mais dezenove anos de condenação em trabalhos forçados.
Vivemos um período de miserabilidade em todos os sentidos, como o povo francês retratado no célebre romance.
Embora a visão da maioria das pessoas privilegiadas seja seletiva, a maior parte do nosso povo é miserável.
Uma sociedade de miseráveis morais, estamos situados desde os postos mais altos da república e nos espraiamos por todas as camadas sociais.
Oficiosamente a miséria no Brasil é composta de "castas", o que nos faz lembrar a Índia de Ghandi.
Aqui temos a casta do negros, em sua maioria discriminados por um sistema capitalista escravocrata, temos também a casta das mulheres, que são discriminadas e mortas pelo machismo estrutural que rege a vida na América do Sul.
Outra casta que é tratada de maneira abjeta é a que é composta pela comunidade LGBTI+.
Existe ainda a casta, não menos miserável, dos religiosos que se acreditam escolhidos de Deus.
Poderíamos elencar outras infindáveis castas, segregadas pela injustiça social, como das crianças e adolescentes abandonados...
Somos os Jean Valjean desses dias de indigência e temos fome de pão.
Estamos ávidos pelo pão da educação, pão da saúde, pão do respeito as diferenças.
Faz alguns anos que estamos presos a falta de educação.
O belo e emocionante, Os Miseráveis, fala das mazelas humanas, as mesmas que conhecemos hoje.
Após cumprir sua pena, Jean Valjean é acolhido por um bispo, e abusando daquele que lhe acolheu rouba os talheres de prata do seu benfeitor.
A polícia o prende levando-o a presença do bispo, que o defende dizendo que ele havia dado as pratarias a seu tutelado.
Depois dessa lição, finalmente Jean Valjean muda de vida.
Não podemos mais furtar as "pratarias naturais" que o Brasil nos dá, esse país é o nosso benfeitor e devíamos nos sentir honrados em viver aqui.
Agimos muitas vezes como Jean Valjean, saqueamos o nosso país furtando e usurpando tesouros que pertencem a toda nação.
Quando desviamos o sinal da TV a cabo e colocamos um gato na energia elétrica, quando queremos levar vantagens sobre os nossos semelhantes desrespeitando o direito alheio.
Quando não usamos máscara para prevenir a propagação de moléstias como a Covid 19 estamos assaltando o direito do outro de viver, e atentando contra nossa própria vida.
Somos nós, Os Miseráveis!
Deixaremos de viver em castas preconceituosas quando aprendermos com o próprio Jean Valjean, que errou muitas vezes, mas decidiu mudar, porque percebeu que a vida é mais consentida quando vivida de maneira honesta.
Adeilson Salles