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quarta-feira, 1 de julho de 2020

OS MISERÁVEIS SOMOS NÓS

NÓS, OS MISERÁVEIS


Dorme. Viveu na terra em luta contra a sorte
Mal seu anjo voou, pediu refúgio à morte
O caso aconteceu por essa lei sombria
Que faz que a noite chegue, apenas foge o dia!

As palavras acima, segundo o romance, Os miseráveis, de Victor Hugo estão escritas na lápide do protagonista da grande obra literária.
Trata-se de Jean Valjean, uma saga que retrata a ebulição política e social vivida na França do século XIX, bem como os conflitos da criatura humana.
Jean Valjean é preso após roubar um pão, e a justiça o condena a cinco anos de prisão.

Durante esse período no carcere ele tenta fugir diversas vezes e manifesta comportamentos inadequados, o que lhe garante mais dezenove anos de condenação em trabalhos forçados.
Vivemos um período de miserabilidade em todos os sentidos, como o povo francês retratado no célebre romance.
Embora a visão da maioria das pessoas privilegiadas seja seletiva, a maior parte do nosso povo é miserável.
Uma sociedade de miseráveis morais, estamos situados desde os postos mais altos da república e nos espraiamos por todas as camadas sociais.
Oficiosamente a miséria no Brasil é composta de "castas", o que nos faz lembrar a Índia de Ghandi.
Aqui temos a casta do negros, em sua maioria discriminados por um sistema capitalista escravocrata, temos também a casta das mulheres, que são discriminadas e mortas pelo machismo estrutural que rege a vida na América do Sul.
Outra casta que é tratada de maneira abjeta é a que é composta pela comunidade LGBTI+.
Existe ainda a casta, não menos miserável, dos religiosos que se acreditam escolhidos de Deus.
Poderíamos elencar outras infindáveis castas, segregadas pela injustiça social, como das crianças e adolescentes abandonados...
Somos os Jean Valjean desses dias de indigência e temos fome de pão.
Estamos ávidos pelo pão da educação, pão da saúde, pão do respeito as diferenças.
Faz alguns anos que estamos presos a falta de educação.
O belo e emocionante, Os Miseráveis, fala das mazelas humanas, as mesmas que conhecemos hoje.
Após cumprir sua pena, Jean Valjean é acolhido por um bispo, e abusando daquele que lhe acolheu rouba os talheres de prata do seu benfeitor.
A polícia o prende levando-o a presença do bispo, que o defende dizendo que ele havia dado as pratarias a seu tutelado.
Depois dessa lição, finalmente Jean Valjean muda de vida.
Não podemos mais furtar as "pratarias naturais" que o Brasil nos dá, esse país é o nosso benfeitor e devíamos nos sentir honrados em viver aqui.
Agimos muitas vezes como Jean Valjean, saqueamos o nosso país furtando e usurpando tesouros que pertencem a toda nação.
Quando desviamos o sinal da TV a cabo e colocamos um gato na energia elétrica, quando queremos levar vantagens sobre os nossos semelhantes desrespeitando o direito alheio.
Quando não usamos máscara para prevenir a propagação de moléstias como a Covid 19 estamos assaltando o direito do outro de viver, e atentando contra nossa própria vida.
Somos nós, Os Miseráveis!
Deixaremos de viver em castas preconceituosas quando aprendermos com o próprio Jean Valjean, que errou muitas vezes, mas decidiu mudar, porque percebeu que a vida é mais consentida quando vivida de maneira honesta.
Adeilson Salles


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