RACISMO E ESPIRITISMO
Se a origem dele fosse africana ele teria o mesmo respeito e credibilidade?
Essa introdução nos convida a pensar mais sobre cada um de nós, e do preconceito arraigado em nossas almas e que muitas vezes tentamos disfarçar.
Não se trata de criar polêmica, mas de refletir verdadeiramente sobre o que se passa em nosso coração e os valores que norteiam nossa fé e concepção de vida.
Sabemos que o respeitado professor Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lyon, na França em 3 de outubro de 1804.
Todo professor de certa forma é um abolicionista, ele liberta seus alunos da escravidão da ignorância.
Seu instrumento libertador é a educação.
Mas, a missão do professor Rivail era muito maior do que se podia supor, pois sua condição de abolicionista iria se revelar de maneira mais patente, a partir do inicio da sua tarefa na codificação do Espiritismo.
Agora a missão libertadora iria afetar a humanidade, porque se tratava de alforriar as consciências humanas há muitos séculos aprisionadas na senzala da culpa.
Como cristianismo redivivo o Espiritismo iria relembrar todos os ensinamentos de Jesus e ensinar muito mais, era o Consolador que chegava a Terra.
O professor Rivail assumindo seu pseudônimo, Allan Kardec, se torna o abolicionista da razão trazendo ao mundo a fé raciocinada.
As teologias escravocratas que sempre se utilizaram da culpa e do temor a Deus, tentaram combater o pensamento novo, mas não conseguiram silenciar os mortos, que conduzidos pela batuta do professor saíram dos túmulos falando da imortalidade do espírito, e do tempo novo que chegou.
Jesus é o abolicionista do amor, Allan kardec o da razão, Mahatma Ghandi o abolicionista da paz, Chico Xavier traz a alforria da imortalidade pela mediunidade.
Podemos afirmar que a senzala hoje é o coração do homem, que ainda age como racista silencioso tendo na indiferença a sua faceta mais cruel.
O tronco onde a alma humana sofre os açoites da dor nesses dias é o orgulho no qual voluntariamente estamos escravizados.
É histórico o contexto de embranquecimento de Jesus para se acomodar a Europa branca dentro da igreja da época, se a imagem dele fosse negra não seria aceita pela sociedade.
O enforcamento do negro americano George Floyd e o assassinato de jovens negros no Brasil me fez pensar: E se Kardec fosse negro?
O Espiritismo nos ensina que ninguém é, na verdade nós estamos: pretos, brancos, índios (os que sobreviverem), gays, héteros e etc...
Cada um de nós dentro da experiência evolutiva que nos cabe, portanto, é hipocrisia julgar o semelhante.
Pedi para um amigo, o ilustrador Rui Joazeiro, desenhar esse Allan Kardec negro, e a imagem ficou linda.
Mas, qual é a imagem que prevalece dentro do nosso coração?
Como pai de mulher trans, e acostumado a lidar com o preconceito aprendi que a cor da pele não importa, muito menos a condição sexual das pessoas.
O espírito não é o corpo, ele passa pela encarnação e usa a roupa física da qual se desvencilha após a morte.
Quando desenvolvermos o senso de humanidade e compreensão de que somos todos iguais essas questões terão ficado para trás.
Enquanto isso, vale a pena perguntar: E se Allan Kardec fosse negro?
Adeilson Salles
Em nós, até a cor é um defeito.
Um imperdoável mal de nascença,
o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem
que essa cor, é a origem da riqueza
de milhares de ladrões que nos
insultam; que essa cor convencional
da escravidão tão semelhante
à da terra, abriga sob sua superfície
escura, vulcões, onde arde
o fogo sagrado da liberdade.
(Luiz Gama)
Obrigada por me fazer refletir!
ResponderExcluirNossa reverência a Mãe África, nascente que fez brotar de seu seio a alma da Negritude, e como um rio,de lágrimas, se espalhou pelo oceano do mundo, rio que corre também em nossas veias, pois somos irmãos, mas devemos as nossos Irmãos Negros todo respeito, admiração e Amor, pois das mentes e mãos laboriosas nasceram cidades, cultura, vida e luz.
ResponderExcluirQue reflexão perfeita!
ResponderExcluirMaravilhoso o questionamento!
ResponderExcluirReflexão que nos leva a uma viagem interior que muitos se recusam a fazer!
ResponderExcluirPerfeito Adeilson!!!!
ResponderExcluirNós ainda temos que nos livrar dos atavismo que trazemos de encarnações passadas. E dos preconceitos que estão na alma.
ResponderExcluirNunca pensei nisto, mas excelente reflexão! Para dosar nosso preconceito!
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