SHOPPINGS HOSPITAIS
As frustrações da alma são curadas com coisas para o corpo.
O consumo como medicamento, não se espante com o que escrevo, pois em tempos de vazio existencial o ato de comprar alivia os transtornos emocionais.
A questão é bem profunda e delicada e realmente grave.
Os protótipos de felicidade que a mídia apresenta provocam uma hipnose coletiva, um entorpecimento da razão, um estado letárgico da lucidez.
Com isso, multidões de criaturas que ainda não se encontram alforriadas intelectualmente escravizam-se ao consumo.
O prazer de consumir é como água salgada, nunca experimenta saciedade.
A matilha das emoções descontroladas que vive dentro de cada criatura impede que o homem se aninhe emocionalmente em si mesmo, fazendo com que a mutidão opte pelas sensações fulgazes e passageiras que o consumo produz.
Até mesmo os relacionamentos são consumidos e os sentimentos não são sentidos, mas instrumentos da busca pelo prazer.
É preciso gozar!
Se embriagar de prestações até que as sacolas não possam ser mais carregadas.
E depois que o sofá da sala se torna a única companhia, o ser humano virá uma ilha cercada de grifes e vazios por toda parte.
As vitrines dos shoppings vendem "drogas" para os viciados que necessitam fugir de si mesmos.
Crianças de olhos vidrados, adultos que percorrem os largos corredores como zumbis que consomem grifes famosas.
Em caso de divórcio, vamos as compras!
Nas dificuldades em família, recorramos a novos sapatos.
Muitas pessoas se fossem usar todos os pares de sapato ao mesmo tempo tornar-se-iam centopéias humanas.
É o homem que foge de si mesmo, pois não logra ser feliz na própria casa mental.
Não conhece a paz, e vive iludido correndo atrás de algo imenso que lhe preencha o grande vazio existencial.
Os shoppings são grandes hospitais a socorrer os enfermos da alma.
São também são santuários onde o hedonismo é o deus cultuado.
O arcabouço psicológico das pessoas dessa era tecnológica é frágil como cristal.
Objeto algum substitui a paz interior, pois ela da um sentido de saciedade emocional as pessoas.
A politica do ser em detrimento do ter é que pode tornar a nossa sociedade mais saudável.
Enquanto isso não acontece seguiremos recorrendo aos alucinógenos eletrônicos, ao dopping dos sentidos através dos cards que são os passaportes para o mundo do faz de conta.
Adeilson Salles
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