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domingo, 12 de julho de 2020

AS GAIOLAS E OS ABISMOS DENTRO DA GENTE

ABISMOS NA ALMA




Meu coração anda apressado...
Mas eu ando cansado de procurar respostas, de me sentir aflito por não encontrar algo que me acomode interiormente.
Acho que a vida é essa pergunta sem resposta.
Então me deparo com tantas pessoas que tem respostas e certezas onde moram, as vejo como prisioneiras, ou eu que vivo delirando
A gente vai vivendo dentro de um padrão em que fica esperando que as pessoas atendam as expectativas das nossas gaiolinhas.
Essa é a grande realidade, vivemos em gaiolas, podemos nos mudar das velhas para as novas gaiolas, mas a verdade é que tememos o voo.
Daí essa limitação absurda de ter que ter um terreno pronto para pisar, porque o desconhecido é abismo.
E onde se encontra esse abismo?
É dentro da gente que os abismos existem, a falta de respostas prontas.
O que somos está dentro do abismo, vivendo na escuridão do eu desconhecido.
Viver é descobrir através das próprias experiências, mas nós buscamos as "verdades" dos outros para nos sentir amados, aceitos, acolhidos.
Não importa se lá no fundo da alma esteja tudo desmoronado, e se o abismo olha no fundo dos nossos olhos.
Somos produtos humanos que precisam de rótulos para viver, somos assim.
Quer dizer, aceitamos ser assim desde que nascemos e vamos sendo condicionados.
De quando em vez vamos a beira do abismo que tem um olhar penetrante que nos engole, e nos convida a mergulhar, mas temos medo, precisamos ser o que todo mundo é, aceitar o que todo mundo aceita.
Então de vez em quando vemos surgirem a nossa frente pessoas que ousaram mergulhar dentro de si mesmas, e quando voltam, retornam transformadas.
A transformação delas nos incomoda, nos faz pensar, e nosso desejo é de que elas fiquem perdidas nos seus abismos e não venham nos incomodar, nos afrontar.
Porque quem pensa diferente, quem ressurge das profundezas da própria descoberta nos assombra e nos causa medo.
Preferimos as gaiolas, e mesmo que as portas estejam abertas não queremos voar, porque o céu nos atemoriza.
Ficamos dando pulinhos medíocres, conformados e confinados nos padrões "normais".
Não importa quanto infeliz eu esteja, prefiro tomar diazepam do que alçar o voo pelo céu cinzento que fica em minha alma, e que deixei que criassem em mim.
Coração apressado se cansa, e o meu está cansado, inconformado com o mundo a minha volta, o abismo me olha de maneira irresistível e atraente.
Esses abismos emocionais são como os buracos negros que existem no espaço, eles são capazes de sugar para dentro de si toda energia a sua volta.
Chega um tempo na vida em que somos convidados a nos manter em prisão perpétua na gaiola das certezas, ou mergulhamos no eu profundo.
A chave da gaiola está em nossas mãos...

Adeilson Salles 
 


4 comentários:

  1. Ninguém, muito menos a vida é responsável pelos nossos abismos, eles existem e feliz daqueles que sabem lidar com as inconstâncias que provocam. Quais as certezas que temos? Que a Vontade domina a inteligência, a memória, o desejo e imaginação;então, vivemos na vibração que alimentamos. Se ela é boa ou não cabe a cada um decidir e enquanto não decidimos, seguimos, um dia felizes, outros nem tanto. Estar feliz é uma questão de vontade!
    Parabéns pelo texto, importante termos a coragem de mostrar nossas inconstâncias, como você faz. Beijinhos

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  2. Estou aqui, refletindo sobre seu texto e olhando pra mim mesma, num momento em que, mais uma vez, estou me permitindo voar em novo desafio, viver novas realidades...

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  3. Ah! Esse abismo que existe dentro de nós mesmos! Tenhamos força para enfrentá-lo e nos libertar dessas amarras duras e cruéis que carregamos por milênios. É tempo de despertar! É tempo de deixar florir o belo Jardim que existe dentro de nós.
    Gratidão por nos inspirar com teus poemas, teus livros, mas principalmente pela tua história de vida, caríssimo Adeilson!

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